Você consegue perceber se seu filho sente-se amado por você?

De repente entra um jovem bonito, com uma postura educada e respeitosa: “Como vai a senhora? Desculpe o atraso.” Uma atitude muito bonita para um rapaz de 17 anos que veio ao meu encontro.

Perguntei se tinha noção do que faríamos na sessão. Ele disse que acreditava que eu poderia ajudá-lo a dominar a ansiedade e o estresse. Pensava em seus erros e atrapalhos. Culpava-se e culpava um dos seus genitores por ser reativo.

A conversa fluía sem muitas dificuldades. Ele sentia vontade de falar. Parecia que era a chance de tirar tudo o que apertava o peito e provocava nó na garganta.

Com serenidade e muita lucidez, ele traçou uma linha do tempo. A linha do tempo trouxe falas sofridas, doloridas e fortes, que escutou ao longo dos anos. Sentia-se humilhado e desconfirmado pela família. O sentimento de injustiça e raiva o afastava de seus pais.

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O que é felicidade?

         “Estão dizendo que eu tenho que ser feliz, mas eu não sei o que é felicidade!” Imagina começar o dia com essa abordagem de uma adolescente. Parei por uns minutinhos para tentar entender o que ela havia me dito. Depois de uma longa respiração, perguntei a ela quem anda dizendo para ela ser feliz e, em seguida, o que ela entende por felicidade. Acreditei que assim eu entenderia o contexto.

         Nicole (nome fictício) me olhou com uma fome de compreensão que até me sensibilizou. Não demorou para ela começar a falar. “Sabe, Fabíola, eu acho que existem poucas pessoas felizes. Esse povo está é perdido e não sabe ser feliz!”  Nicole falou isso com tanta convicção que até me aproximei. A fome de compreensão passou a ser minha. Pedi que ela continuasse a falar.

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O que fazer quando os filhos se afastam?

Sinto tantas angústias dos pais sobre o mundo que o adolescente cria que resolvi escrever. É natural os adolescentes, inconscientemente, acreditarem que, para adquirir uma identidade, precisam se isolar da família e buscar grupos que tenham os mesmos interesses, ou que sejam irreverentes e em que tentam se encaixar. É como se tivessem que pertencer a um determinado estilo de vida para se colocarem frente ao mundo como seres crescidos.

         Os pais se assustam com esse movimento e acabam por entrar em confronto questionando, esbravejando, punindo em vez de buscar entender o que está acontecendo. Estabelecem monólogos quilométricos de “pagação de sapo”, sermões sem fim, sem ao menos dar a chance de compreender o que desejam.

         O que fazer quando perceberem que aquela criança está crescendo e se afastando?

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O efeito do divórcio na vida dos filhos

A cada dia mais comum e aparecendo em idades diversificadas, o divórcio dos pais traz um impacto enorme em seus filhos. Hoje quero falar sobre o impacto em cadeia do divórcio dos pais em filhos maduros. Por que em cadeia? Porque o divórcio dos avós dos pequenos tem ocorrido com alguma frequência e causa uma onda de consequências, começando pelos pais das crianças até refletir no comportamento de toda família: divorciados com idade de 60 anos, por exemplo, nos filhos com seus 40 anos e seus netos.

Lidar com a separação dos papais em idade de infantil já não é nada fácil, mas lidar com o sofrimento dos papais por verem seus avós se divorciarem tem sido algo ainda mais forte para as crianças nos dias atuais.

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Será que conheço e continuarei reconhecendo meu filho com o passar dos anos?

Foram vários dias pensando naquela mãe. Vários dias refletindo sobre as suas palavras. Refiro-me à mãe do fã que protagonizou uma cena de novela com uma apresentadora famosa. O que leva uma mãe a ser tão surpreendida com um ato repentino de seu filho? Seria algo repentino ou ela ignorou os sinais? Quais os “nossos pecados” como pais?

É exatamente essa reflexão que pretendo promover. Um jovem por volta dos trinta anos foi um dia uma criança e um adolescente. Todas as nossas atitudes paternas contribuíram de alguma forma para alertar (porém sem sermos ouvidos), camuflar (omissão) ou exacerbar suas atitudes. Um homem de trinta anos já é capaz de responder por seus atos, mas vamos voltar lá na infância. Não me refiro à infância desse desconhecido, mas irei refletir sobre o nosso papel de pais na infância de nossos filhos.

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Quero meu filho de volta à vida real. Chega de relações só virtuais!

Todos os dias, recebo mães assustadas com a quantidade de horas que os filhos passam conectados com a tecnologia. Filhos com dificuldades nas relações sociais presenciais, mas totalmente entregues às relações virtuais.

Mães descrentes de tanto alertar e de procurar ajudar os filhos e exaustas pela falta de êxito.

O que está acontecendo com os nossos jovens?

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Reprovação no período do Ensino Médio: como enfrentar?

Quando o adolescente já se encontra na fase final do período escolar, anterior ao voo para universidade, uma reprovação é sempre muito difícil para ele enfrentar. Por mais que retrate a consequência de ausência de dedicação, fatores emocionais ou uma grande dificuldade de aprendizado, mesmo com a presença de qualquer motivo que aparentemente justifique, ele sente profunda chateação e frustração.

Para o adolescente, a reprovação, além de trazer o desgaste de se ter que fazer novamente o ano escolar, a perda do grupo de amigos gera um receio enorme, por medo de perdê-lo, um sentimento de vergonha e receio de não ser aceito no novo grupo em que será introduzido no ano seguinte.

Com isso, a possibilidade de surgir o desejo de abandonar o mundo acadêmico fica latente nesse adolescente.

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Depressão na adolescência

Tenho recebido muitos laudos de adolescentes acometidos pela depressão. É claro que isso gera um efeito imediato em suas relações sociais, familiares e escolares. As consequências da depressão nos jovens aparecem de formas variadas – afinal, cada um apresenta-se em um estágio, de acordo com o grau de gravidade.

As falas são bem recorrentes. Esses adolescentes retratam uma mudança significativa em sua percepção do eu, uma distorção considerável da autoimagem e muita reclusão social. Sentem-se não compreendidos e pressionados.

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O que está acontecendo com as pessoas? Um imediatismo assustador.

Todos os dias, eu tenho a oportunidade de estar com famílias, adolescentes e crianças. Falamos sobre questões variadas: comportamento individual, comportamento coletivo, ações familiares e questões emocionais.

Tenho sempre uma escuta atenta. Afinal, amo estar com pessoas e sou uma ouvinte treinada.

Tenho me incomodado com a impaciência das pessoas em relação aos processos ligados à evolução. Eu costumo dizer que trabalhar com pessoas é muito diferente de “bordar boné”: programa o desenho, liga a máquina de bordar e pronto! Saiu errado? Desmancha e refaz. Tudo em poucos minutos.

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