Quando o adolescente já se encontra na fase final do período escolar, anterior ao voo para universidade, uma reprovação é sempre muito difícil para ele enfrentar. Por mais que retrate a consequência de ausência de dedicação, fatores emocionais ou uma grande dificuldade de aprendizado, mesmo com a presença de qualquer motivo que aparentemente justifique, ele sente profunda chateação e frustração.
Para o adolescente, a reprovação, além de trazer o desgaste de se ter que fazer novamente o ano escolar, a perda do grupo de amigos gera um receio enorme, por medo de perdê-lo, um sentimento de vergonha e receio de não ser aceito no novo grupo em que será introduzido no ano seguinte.
Com isso, a possibilidade de surgir o desejo de abandonar o mundo acadêmico fica latente nesse adolescente.
Paralelo a todo este sentimento e conflito interno, no qual se culpa e se sente fracassado, o adolescente ainda enfrenta a cobrança familiar de que investiu muito no ano letivo e enfrenta o fracasso.
A família também fica com sentimentos dúbios. Sente raiva e culpa. Raiva por ter investido e não ter dado certo e culpa, por achar que podia ter feito algo mais (cobrar, acompanhar, oferecer recursos, etc).
Acontece que, embora muito compreensível o sentimento do adolescente e da família, é necessário fazer dessa situação um aprendizado para seguir em frente. Analisar a situação, avaliando o processo que gerou esse resultado, dará ao adolescente ferramentas para traçar caminhos para o ano seguinte.
Dentro desta análise da família com o adolescente, é preciso ter um movimento que o faça assumir a sua parcela de culpa, ensiná-lo a buscar ajuda e gerar um projeto por escrito de como irá gerir seu próximo ano.
Paralelamente, oferecer ajuda emocional para o enfrentamento da situação. Enfrentar é um processo benéfico. É preciso encarar a realidade e seguir. Nada de esconder dos parentes, mudar de escola ou fazer de conta de que isso não aconteceu. É necessário mostrar a esse adolescente que os pais estão junto a ele, enfrentando tudo e todos de cabeça erguida.
É importante, também, que esse adolescente faça combinados para se redimir, caso tenha sido por total negligência. É preciso uma consequência que o ajude a ressarcir o investimento familiar financeiro e de tempo. Inseri-lo em obrigações domésticas, ajuda com trabalhos que gerem economia doméstica (lavar o carro semanalmente, cuidar do jardim, trabalhar como apoio na firma da família, etc.) ajudará para que ele se sinta melhor e tenha oportunidade de se sentir menos devedor aos pais.
Os pais devem digerir a situação e, ao tocar em frente, seguir com os planos e não ficar jogando a situação “na cara” do adolescente. Isso só retrocederá a ação de aprendizado e resgate.
Uma reprovação é uma oportunidade para os pais buscarem entender o momento em que o filho se encontra. Se encararem como um mergulho para aproximar e entender o filho, o que parecia uma grande perda, traz, na verdade, uma excelente chance de resgate do filho.
Que tenhamos sabedoria para enfrentar esses momentos quando batem à nossa porta.