É bem comum encontrar as famílias assustadas quando percebem que sua criança está demorando para falar ou prolonga uma fala infantilizada.
Vou começar refletindo sobre como lidamos com as situações. Primeiro em relação à fala atrasada. Você tem conversado com o seu bebê? Estimula barulhos e expressões? Saiba que a motivação da criança vem dos seus cuidadores. Um lar silencioso, uma relação “muda” não estimulará a criança a falar ou balbuciar. Este exercício de conversar com a criança diariamente a permitirá, inicialmente por imitação, a ousar em tentativas de fala.
Converse com seu bebê durante a rotina diária: hora do banho; troca de fraldas; momento de amamentação. Nesses momentos, pronuncie corretamente as palavras, de maneira natural, com tom de voz que atraia a atenção e capriche na expressão facial. Ressalto a necessidade de uma pronúncia correta para a criança, ela precisa de exemplo.
Ao ouvir os balbucios e as vocalizações, olhe no olhinho dela com doçura e amor. Ela se comunicará com você e receberá como mensagem que está agradando (reforço positivo).
Faça festa! Criança gosta de movimento e barulhos agradáveis. Isso demonstrará o seu interesse pelo avanço dela.
Quando pegar algum objeto, mostre a ela e diga o nome correto do objeto. Introduza os nomes entre um “bate papo e outro”. Da mesma forma, introduza o nome dos familiares: olha a Dindinha chegando! Veja o papai! Joana está aqui!
As ações também poderão ser introduzidas enquanto você realiza o fazer diário: vamos BRINCAR! Hora de TOMAR banho! PEGUE a bola!
Abuse das músicas infantis. Elas fornecem elementos para a ampliação do vocabulário e agradam pela sonorização.
Aos poucos, vá introduzindo os livros infantis. Deixe-a folhear com você e aponte as imagens, nomeando. Vá enriquecendo a imaginação e o vocabulário dela com a riqueza dos livros.
Apresente as novidades sempre que saírem para passear. Antes mesmo de saírem, vá contando o que irão encontrar. Será um gostoso exercício para vocês.
Estimule o pensar com perguntas. Faça muitas perguntas, mas permita a manifestação da criança. Não pergunte e responda. Perguntar estimulará o pensar e a linguagem.
Escute com muita atenção. Não faça cara de não entender. Procure mostrar que está entendendo e estimule falar mais para que, de verdade, você a compreenda.
Deixe-a formar a frase sozinha. Nada de pressa. Não complete a frase por ela. Tenha paciência e saiba esperar o tempo da criança. Sua ansiedade não pode passar para ela. Cada criança terá o seu momento. Só a compare com ela mesma, entendeu?
E quanto à fala infantilizada? A criança procura exemplo. Se ela manifesta uma fala infantil para a idade dela, provavelmente, alguém está sendo infantil com ela. Se sua criança falou uma palavra errada, não a repita. Fale a palavra correta. Exemplo: “Pepeta, mamãe!” “Não é pepeta, filha, é chupeta.” Percebe que temos 2×1? Isso mesmo! Duas palavras erradas contra uma certa. Qual palavra tem mais chance de ficar gravada na cabecinha dela?
Adivinhar o que a criança quer falar, atrasa a fala. Falará para quê se tem quem fala por ela? Conversar como um bebê com a criança a infantiliza. Crescer para quê, se está claro que a mamãe ou o papai quer um bebê?
Amamos tanto essa fase inicial que não percebemos que nossas atitudes acabam sendo egoístas com os nossos filhos. Vê-los falar errado agrada tanto os ouvidos que reforçamos só para o nosso prazer. Saibamos aproveitar o momento da audição da primeira fala errada e imediatamente promover o crescimento dos nossos filhos. Sem antecipar nada, apenas sendo bons exemplos.