Neste artigo quero abordar sobre os abusos cometidos por algumas mães na vida dos seus filhos. Sim! Existem mães abusivas! E, por incrível que pareça, em meio aos abusos encontramos presente o AMOR. Mas, poderia também chamar pais abusivos, avós abusivos, responsável abusivo. Afinal, esta escrita vai para aquele que participa da criação de um ser e nesta criação, cometem abusos que irão interferir na sua formação.
Poderia também utilizar o termo mães vampiras, até ficaria mais na moda, uma vez que os filmes / sagas estão tão presentes em nossas vidas e de nossas crianças e adolescentes, de repente até ficaria mais atrativo. Mas, vamos lá! Mães abusivas ou vampiras são aquelas que sugam a energia de suas crias, são psicovenenosas, não conseguem perceber que estão sugando toda a autoestima de seus filhos quando os superprotegem ou oferecem críticas severas sobre o seu comportamento.
Essas mães alimentam da fragilidade de seus filhos, sugando toda possibilidade do crescer saudável até para que se sintam úteis ou boas provedoras educacionais. Estranho, não é? Porém é exatamente isso que fazem. Muitas vezes humilham seus filhos em público para ter a oportunidade de expor uma ação de comando e parecer que estão atentas ao processo educacional dos filhos. Essa personalidade venenosa procura até nos momentos de vitórias algo que não está bem para que o negativo sobressaia. Exemplo: a criança conseguiu notas acima da média em 8 das 10 disciplinas, nas outras duas manteve-se na média escolar. A mãe venenosa só fala das notas medianas, cobra excessivamente de seu filho e ainda conta para todos que ele não está bem na escola, não percebendo que essa atitude só o faz sentir que está sempre “devendo” e que a dedicação nas demais disciplinas nem foi notada.
Mães venenosas também estão sempre irritadas, intimidadoras e desestabilizadoras. O perfeccionismo e a agressividade podem transformar a vida de todos a sua volta em um caos, uma condição completa de ausência de paz. Utilizam muito a agressividade verbal para tornar o outro um ser pequeno, fraco, incapaz e muito inseguro. Assim, sentem-se poderosas e atacam-nos repetindo o padrão de comportamento diariamente.
A impressão que passam é que, dificultando a vida do outro, possuem mais utilidade, mais serventia e mais necessidade de estarem por perto. Qualquer tentativa de independência do ser que está sobre a sua custódia é uma afronta ao seu papel. Percebe-se um amor egoísta e interessado em suas atitudes, e todo esse movimento se torna bastante sufocante e destrutivo. Muitas famílias não percebem esse relacionamento destrutivo e acabam por coparticipar, tornando a vítima estendida aos demais familiares.
Atendendo mães abusivas, pude perceber que são pessoas muito inseguras, com necessidade de controlar tudo, uma ansiedade além da normalidade, muitas vezes solitárias, que não conseguem encarar as suas próprias limitações e deficiências e que projetam no outro tudo o que não conseguiram ser ou que conseguiram com muito esforço e sofrimento.
Daí vocês podem estar se perguntando: a pessoa que tem uma mãe abusiva então está condenada? Não! É possível lidar com essa mãe venenosa! A primeira coisa a ser feita é detectá-la. Depois, quebrar o círculo do abuso. É claro que, para percepção e quebra desse círculo, a criança precisará de ajuda de familiares que percebam e estejam dispostos a enfrentarem a situação e profissionais capacitados. Já os adultos que vivenciaram até essa fase as ações da mãe, precisam reconhecê-la e enfrentá-la com sabedoria.
Reconhecer a manipulação não é nada fácil, primeiro porque pode ser muito sutil e depois porque a pessoa acaba por se perceber fraca por ter caído por tanto tempo. Então, vitimizar ou deixar a manipuladora se fazer de vítima, não ajudará em nada. Encarar sua fragilidade e a “doença” de sua mãe é o primeiro passo para dar o basta. Mães abusivas possuem uma tendência de mostrar-se sofredoras, feridas e incompreendidas em suas intenções, mas não podemos tirar o foco dos filhos, os mais feridos são eles.
Algumas dicas são importantes para perceber se temos ao nosso lado ou ao lado de alguém que queremos bem, uma pessoa abusiva: mãe, pai, irmão, avós, cônjuge, chefe…
1- Ao perceber que algo não está legal na forma como você se sente com a pessoa que está lhe falando/tratando, comece a notar a situação que te trouxe desconforto. Anote a frase, o gesto, o tom, aquilo que ficou latente.
2- Registre, também, o comportamento individual da pessoa em situações que poderiam ser agradáveis e não foram: momentos de premiação; festividades familiares; viagens; passeios. Observe por que a pessoa não interage com alegria e entrega. Por que parece tão armada? Procure ficar fora da cena para percebê-la. 3- Outro registro necessário é anotar os gatilhos do
descontentamento da pessoa. O que dispara a insatisfação? O que gera irritação? Não fazer o que ela quer? Não compactuar com alguma ideia? Não permitir a manipulação?
4- Observe se, além de você, outras pessoas passam pelos abusos. Perceber que você não é o único pode fortalecer (favorecer) para enxergar as dificuldades da abusadora. Claro que percebendo não resolverá a situação, você poderá alertar as outras vítimas e juntos buscarem recursos para mudanças de comportamento emocional de todos os envolvidos, incluindo o abusador. “Muda que o outro muda”, as vítimas mudando, o abusador ficará sem o papel complementar. Só há o abusador porque existe o abusado. Certo? Ser filho ou fazer parte da vida de uma pessoa infeliz e abusiva é muito difícil, mas não impossível. A partir da consciência do que está ocorrendo, torna-se mais fácil promover ações de reversão do quadro. Buscar entender que as agressões verbais e as intolerâncias que tanto contribuíram para o adoecimento emocional, que essas “feiuras” não pertencem a você e sim ao agressor, lhe permitirá reagir e lutar. Compreender, também, que abusador e abusado precisam de suporte e ajuda é um passo para relação saudável de todos os que estão no ciclo. Os profissionais que lidam com a educação, ao se depararem com uma mãe abusiva, têm o dever de orientar quanto à busca de uma ajuda profissional. Procurar aliviar a dor da criança nesse quadro que ela se encontra é essencial. Outra ação importante é não cairmos no erro de comparar as mães abusivas com as mães amorosas. Aceitar a situação e tratá-la é a atitude mais certa e saudável.
E, por último, quero ressaltar que ao chegar a vida adulta e decidir por afastar-se um pouco da rotina da mãe abusiva que, após todas as suas tentativas, não conseguiu evoluir, não se sinta culpado. Às vezes o afastamento é necessário para o amadurecimento de todos e para a busca de uma vida harmoniosa e feliz.
E viva a oportunidade que temos de escolha quando temos consciência do que nos faz mal!