Em pleno setembro amarelo, trago esta reflexão. Preocupamo-nos tanto com a idade com que o filho começará a engatinhar, a andar, a falar, a ir para escola, com a alimentação, etc. e deixamos de lado o desenvolvimento emocional.
Depois que eles crescem, nos perguntamos “Onde erramos? O que deixei de fazer?”. Por que meu filho não tem controle emocional?
Nunca é tarde para desenvolver esta habilidade de lidar com os sentimentos e conflitos internos. E você pode começar agora, independentemente da idade de seu filho.
Porém, vou me ater aos adolescentes, neste artigo.
O primeiro passo é você buscar entender o que é controle emocional, através da inteligência emocional. Essa habilidade de autocontrole está relacionada à capacidade com que cada um reconhece seus diferentes sentimentos e aprende a lidar com as emoções que surgem em situações previsíveis e imprevisíveis.
Sabemos que o maior desafio é encarar os sentimentos considerados negativos, como decepção, medo, frustração, perda e insatisfações. Um aspecto importante da inteligência emocional está diretamente ligado à capacidade de compreender as suas próprias emoções e as emoções das pessoas com quem convive (pessoas próximas e pessoas temporárias). Para que o adolescente consiga alcançar o desenvolvimento dessa habilidade importante, é necessário que estabeleça a sua consciência social (atenção ao meio em que vive), autocontrole (mesmo com todos os seus conflitos internos) e autoconhecimento, permitindo, assim, que consiga tomar decisões equilibradas, responsáveis e conscientes, de forma a conseguir estabelecer relações sociais saudáveis e duradouras.
O maior obstáculo com que o adolescente se depara é que esta fase é bem marcada pela impetuosidade, impulsividade e alterações de humor, resultando em uma oscilação do 8 ao 80 em segundos.
Muitas vezes ele não sabe nem explicar o que está sentindo. E sabemos que nomear os sentimentos é uma excelente estratégia para conseguir administrar as emoções.
E como você pode conduzir o processo de seu adolescente a aprender a lidar com suas emoções e seus sentimentos?
Não é uma cartilha; são sugestões que você irá adaptar de acordo com a sua realidade.
Procure dar exemplo, controlando-se diante dele em situações conflituosas. Quando seu filho se exaltar e tirar você do sério, respire fundo, saia de cena, beba uma água e retorne quando você estiver em equilíbrio. Por observação, seu filho também aprenderá que a reatividade não gerará bons resultados. Passará a criar maneiras para se posicionar com tranquilidade.
Ensine-o a nomear o sentimento. Ajude-o a encontrar o que está sentindo e peça-lhe para verbalizar (raiva, decepção, tristeza, medo, frustração, injustiça). Depois, busque compreender, junto com ele, o que está culminando em tais sentimentos.
Lembre-se de que ele pode até estar se sentindo envergonhado por se sentir assim. Julgar não ajudará. Então, acolha com palavras que aproximam: “estou entendendo…”, “imagino como se sente…”. Assim, ele se sentirá seguro para seguir dialogando.
Não o impeça de expressar o sentimento também com choro. Permita-lhe chorar. Frases como “não chore”, “não precisa chorar por isso” só diminuem o que ele sente e o fazem engolir a situação sem resolver. Jamais comparamos dor ou a medimos.
Ofereça caminhos para que resolva a situação internamente (conflitos e sentimentos) e com quem ajudou a gerar tais sentimentos. Mostre formas de chegar ao alívio da situação.
Lembre-lhe de que temos muitos sentimentos bons e saudáveis. Adolescentes tendem a enxergar só o que é ruim e acham que tudo está perdido ou difícil. Dessa forma, fazê-lo ver outras situações e tirar do sufoco com perspectivas e lembranças positivas ajudarão muito. Enfim, tire tempo para cuidar do emocional de seu filho. Valerá muito a pena.