A difícil tarefa de escolher a profissão, sendo tão jovens, muitas vezes, não é motivo de atenção dos pais.
Nesta rotina frenética em que estamos inseridos, muitas vezes não paramos para pensar que nossos filhos estão no ensino médio e já terão que escolher um caminho.
Recebi um pedido de escrita com o tema “Amizades Problemáticas”. Achei interessante. Adoro refletir sobre esse tema.
Temos uma tendência a olhar o outro e deixar de nos olhar ou olhar os nossos filhos. Atribuímos a terceiros a mudança de comportamento dos nossos filhos.
Acredito sim que sofremos influências. É evidente que adquirimos hábitos, linguagem, comportamentos quando nos relacionamos com pessoas e ambientes. Isso ocorre com adultos, imagine com crianças e adolescentes.
Eu começo perguntando o que acontece com os pais que permitem ao jovem se isolar? E você pode me perguntar: como evitar?
Então, acontece na nossa família tudo aquilo que permitimos. Se acreditamos que a tão famosa privacidade deve ser respeitada, deveríamos entender que privacidade 24h por dia é doentia.
Não existe isso de permitir que fique isolado o tempo todo. Temos que exercitar a convivência. E, para isso, os pais precisam estar dispostos.
Quando o adolescente já se encontra na fase final do período escolar, anterior ao voo para universidade, uma reprovação é sempre muito difícil para ele enfrentar. Por mais que retrate a consequência de ausência de dedicação, fatores emocionais ou uma grande dificuldade de aprendizado, mesmo com a presença de qualquer motivo que aparentemente justifique, ele sente profunda chateação e frustração.
Para o adolescente, a reprovação, além de trazer o desgaste de se ter que fazer novamente o ano escolar, a perda do grupo de amigos gera um receio enorme, por medo de perdê-lo, um sentimento de vergonha e receio de não ser aceito no novo grupo em que será introduzido no ano seguinte.
Com isso, a possibilidade de surgir o desejo de abandonar o mundo acadêmico fica latente nesse adolescente.
Tenho recebido muitos laudos de adolescentes acometidos pela depressão. É claro que isso gera um efeito imediato em suas relações sociais, familiares e escolares. As consequências da depressão nos jovens aparecem de formas variadas – afinal, cada um apresenta-se em um estágio, de acordo com o grau de gravidade.
As falas são bem recorrentes. Esses adolescentes retratam uma mudança significativa em sua percepção do eu, uma distorção considerável da autoimagem e muita reclusão social. Sentem-se não compreendidos e pressionados.
Os nossos adolescentes não estão tendo a oportunidade de descobrir os prazeres de se sentarem em grupo para longos bate-papos com amigos. Estão sempre com um aparelho de celular na mão, consultando as mensagens constantemente, entrando nas redes sociais por um manuseio automático e viciante. Perdem a sequência de um diálogo presencial, não usufruem do “olho no olho” e, muitas vezes, não estão em lugar nenhum, nem com as pessoas virtuais, nem com as pessoas presenciais.
As reuniões familiares elucidam esta dificuldade atual. Adolescentes, crianças e adultos demonstram dificuldades de se desconectarem do celular.
Percebe-se que os adolescentes estão cada vez mais despreparados para uma vida sexual inicial, não só devido à idade, mas porque recebem muitos estímulos inadequados, levando a uma percepção errada do que é esse momento íntimo.
Os fatores que levam os adolescentes a iniciarem cada vez mais cedo a vida sexual estão relacionados à necessidade de aceitação junto ao grupo em que estão inseridos. Estímulos das séries, filmes e TV, internet e seus inúmeros vídeos de influenciadores e até mesmo a carência familiar, sobretudo do afeto dos pais, podem ser gatilhos para que o sexo aconteça de forma precoce.
Como incomoda nossos jovens o sobrepeso. Acontece que a adolescência é a fase dos extremos. E entre as muitas mudanças que enfrentam, inclui-se a mudança de apetite.
É uma fase na qual crescem muito, um excesso de hormônios trabalhando, muita interferência externa na cabecinha deles e bastante pressão.
A cobrança inicia internamente, depois vem da própria família, que fica observando a necessidade de emagrecer, e, depois, as comparações com o padrão que a sociedade impõe.
Tenho um filho adolescente que está com dificuldade em obter rendimento acadêmico…
Essa foi a queixa que recebi de um pai muito preocupado. Ele narra que o filho está no cursinho, muito focado em ter rotina com horas de estudos.
Acontece que o pai percebe que o filho fica horas envolvido com os livros, no quarto fechado, porém não obtém rendimento. E isso tem causado um desconforto enorme nele e em todos os envolvidos com o propósito da aprovação.
Todos os dias, eu tenho a oportunidade de estar com famílias, adolescentes e crianças. Falamos sobre questões variadas: comportamento individual, comportamento coletivo, ações familiares e questões emocionais.
Tenho sempre uma escuta atenta. Afinal, amo estar com pessoas e sou uma ouvinte treinada.
Tenho me incomodado com a impaciência das pessoas em relação aos processos ligados à evolução. Eu costumo dizer que trabalhar com pessoas é muito diferente de “bordar boné”: programa o desenho, liga a máquina de bordar e pronto! Saiu errado? Desmancha e refaz. Tudo em poucos minutos.