Será que conheço e continuarei reconhecendo meu filho com o passar dos anos?

Foram vários dias pensando naquela mãe. Vários dias refletindo sobre as suas palavras. Refiro-me à mãe do fã que protagonizou uma cena de novela com uma apresentadora famosa. O que leva uma mãe a ser tão surpreendida com um ato repentino de seu filho? Seria algo repentino ou ela ignorou os sinais? Quais os “nossos pecados” como pais?

É exatamente essa reflexão que pretendo promover. Um jovem por volta dos trinta anos foi um dia uma criança e um adolescente. Todas as nossas atitudes paternas contribuíram de alguma forma para alertar (porém sem sermos ouvidos), camuflar (omissão) ou exacerbar suas atitudes. Um homem de trinta anos já é capaz de responder por seus atos, mas vamos voltar lá na infância. Não me refiro à infância desse desconhecido, mas irei refletir sobre o nosso papel de pais na infância de nossos filhos.

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Eu não sou mais virgem

Uma garotinha de 12 anos. Apenas 12 anos… Classe social elevada, família religiosa, participa de um grupo de jovens, faz um curso para aquisição de uma segunda língua, matriculada em uma escola de referência. Por que estou relatando tudo isso? Porque o preconceito aponta que essa situação só ocorre em uma classe social desfavorecida, em um lar desajustado.
A garotinha, para mim, uma criança, chega até o meu consultório com o nariz empinado, uma fala arrogante e um olhar desafiador. Fico observando essa postura e procurando entender o que há por trás. O fato narrado da perda da virgindade é a consequência, me interesso pela causa. O que levou essa criança a ter uma experiência sexual tão jovem e ainda anunciar a todos que convivem com ela? Esse era meu foco.

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A minha vontade de acertar como pai acabou por permitir que ele se sentisse assim (*)

Recebi os pais, que foram pontuais. Percebia que estavam ansiosos pelo encontro. A educação da família vem de berço. Os pais são muito educados, receberam uma educação recheada de valores, ética e princípios e, por isso, Gabriel me encantou. Ele tinha de onde puxar.
Começamos a conversar. Percebi, a cada narrativa, a inquietude na cadeira do pai. A mãe, muito atenta, sempre foi uma fiel companheira da família.
Estava diante de um pai à moda antiga. Desses pais que desejamos muito nos dias de hoje. Aquele pai que coloca regras, que prepara o filho para vida, oferece a vara e ensina a pescar, sabe?

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Violência: como falar sobre ela com as crianças?

A cada dia, tenho sido abordada por mães assustadas com as perguntas das crianças. “Mãe, o que é estupro?”, “Papai, por que ele bateu na esposa?”, “Mamãe, por que minha amiguinha bateu no Pedro e disse que se mexeu com uma, mexeu com todas?” As crianças são perspicazes e estão atentas a tudo o que aparece nos noticiários e nas mídias sociais. E, é claro, buscarão esclarecer aquilo que não entendem.

E como explicar para crianças tão pequenas as barbáries do cotidiano? O que fazer quando nos abordam, sem chocá-las ou amedrontá-las?

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“Mamãe, eu estou com medo…”

Esta foi a frase que ouviu de uma linda menina de 11 anos, cursando o 6º ano do Ensino Fundamental II. Ela estava se mostrando muito frágil diante do desafio desta nova etapa. Estava com medo do novo, dos desafios. Sentia-se completamente incapaz de vencer. E isso promovia uma sensação de que seu mundo desmoronasse às 7h30 da manhã.

E como agir com nossos filhos diante do medo e da insegurança de uma vida que se apresenta em vários ciclos? E lembrando que estes vários ciclos não trarão certeza de sucesso, mesmo dedicando-se com muito esforço? A criança apresentou uma crise e a família entrou em crise. “O que faço?”, dizia a mãe, com um olhar arregalado, como se me pedisse socorro.

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