O que fazer quando os filhos se afastam?

Sinto tantas angústias dos pais sobre o mundo que o adolescente cria que resolvi escrever. É natural os adolescentes, inconscientemente, acreditarem que, para adquirir uma identidade, precisam se isolar da família e buscar grupos que tenham os mesmos interesses, ou que sejam irreverentes e em que tentam se encaixar. É como se tivessem que pertencer a um determinado estilo de vida para se colocarem frente ao mundo como seres crescidos.

         Os pais se assustam com esse movimento e acabam por entrar em confronto questionando, esbravejando, punindo em vez de buscar entender o que está acontecendo. Estabelecem monólogos quilométricos de “pagação de sapo”, sermões sem fim, sem ao menos dar a chance de compreender o que desejam.

         O que fazer quando perceberem que aquela criança está crescendo e se afastando?

  1. OBSERVAÇÃO – Tenham disposição de observar. Observem mais. Fiquem atentos à busca do que está mudando. O que está diferente. O que os está incomodando.
  2. OUÇAM – Ouçam mais e falem menos. Vistam-se de uma grande orelha. Estejam prontos para ouvir até o fim seu (sua) filho(a). Deem oportunidade para conhecerem-no(a). Ouçam com atenção e só pronunciem palavras que permitam a continuidade do assunto: “Interessante…”, “E como foi?…”.
  3. INTERESSEM-SE POR ELE(A) – Procurem saber dos sentimentos e buscas dele(a). Não foquem, até aqui, na análise do grupo de amigos escolhidos ou no isolamento. Perguntem sobre os motivos que o(a) levou a escolher ou a se isolar. Vejam os pontos que ele(a) julga comuns.
  4. REFLITAM COM – Reflitam sobre a escolha. Levantem pontos para pensarem juntos. Permitam uma análise sobre esse caminho até aqui. Tenham pontos claros e abertura para ouvir e falar; falar e ouvir.
  5. CONSEQUÊNCIAS – Conversem sobre as consequências desta escolha. Falem sobre o preparo para lidar com isso. Conversem sobre sentimentos e estrutura emocional.
  6. REGRAS – Só agora manifestem-se sobre o que pensam a respeito, de forma clara e determinante. Mostrem que precisam construir algumas regras de convivência saudável para vocês: pais e filho(a). Construam juntos, mas com a autoridade de pais.
  7. OBSERVEM NOVAMENTE – Acompanhem o movimento pós-intervenção. Como estão caminhando os dois lados? Colham dados.
  8. RETOMEM – Retomem o assunto. Aparem arestas. Mostrem que continuam atentos e dedicados a passar a adolescência e todas as questões que aparecerem juntos.
  9. EXPERIMENTEM – Experimentem aproximar-se da escolha feita: grupo ou isolamento. Frequentem o espaço dos amigos ou o quarto. Mostrem-se presentes. Escutem, analisem, posicionem-se como PAIS e não como “coleguinhas”.
  10. ACOLHAM – Acolher não é “passar a mão na cabeça”. Acolher é orientar, acompanhar, corrigir, punir, se preciso, e dizer: “Estamos aqui”.

Sejam pais atuantes e não “reclamantes”.